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Brasil atinge 21,6 milhões de empresas ativas em 2024; Simples Nacional domina 84% do mercado

  • 05/02/2025



    Brasil atinge 21,6 milhões de empresas ativas em 2024; Simples Nacional domina 84% do mercado

     

    O Brasil encerrou 2024 com 21,6 milhões de empresas ativas, segundo dados oficiais da Receita Federal. Desse total, 18,2 milhões (84%) estão enquadradas no Simples Nacional, regime que impulsiona micro e pequenos negócios. Este levantamento inédito, elaborado com base em dados do Sebrae, IBGE e Receita Federal, revela não apenas a distribuição geográfica das empresas, mas também os desafios de um sistema tributário classificado como um dos mais complexos do mundo.

    1. O Predomínio do Simples Nacional
    O Simples Nacional consolida-se como a espinha dorsal do empreendedorismo brasileiro. Criado para simplificar a cobrança de impostos, o regime atrai empresas com faturamento anual de até R$ 4,8 milhões, incluindo MEIs, micro e pequenas empresas.

    Tabela 1: Perfil das Empresas no Simples Nacional

    Característica Dados
    Número total de empresas 18,2 milhões
    Estados com maior adesão Bahia (85%), Pernambuco (83%)
    Setores predominantes Comércio (45%), Serviços (38%)
    Crescimento de MEIs (2020-2024) +50% (de 12,1 mi para 18,2 mi)

    Apesar da popularidade, o regime enfrenta críticas. Carlos Eduardo Martins, economista do Sebrae, alerta:
    “Muitas empresas ultrapassam o limite de faturamento sem planejamento, gerando multas retroativas. Em 2023, 32 mil negócios foram excluídos do Simples por irregularidades.”

    2. Regimes Tributários: Quem Paga Mais?
    Além do Simples, os regimes de Lucro Presumido e Lucro Real atendem a 14,8% das empresas, mas respondem por 68% da arrecadação tributária federal.

    Tabela 2: Comparativo entre Regimes Tributários

    Regime Nº de Empresas Faturamento Anual Custo Médio de Compliance/Ano
    Simples Nacional 18,2 milhões Até R$ 4,8 milhões R$ 5 mil
    Lucro Presumido 2,1 milhões R$ 4,8mi até R$ 78 mi R$ 40 mil
    Lucro Real 1,1 milhão Acima de R$ 78 milhões R$ 120 mil
    Outros 200 mil Varia por setor R$ 25 mil

    Lucro Presumido:
    Predomina no Sul (18% em Santa Catarina e Rio Grande do Sul).
    Setores como comércio exterior e indústria têxtil são os maiores contribuintes.

    Lucro Real:
    Concentra-se em São Paulo (40% do total).
    Bancos e seguradoras são obrigados a aderir, independente do faturamento.

    3. Mapa das Empresas por Estado: Sudeste Rico, Nordeste Informal
    A atividade empresarial reflete as desigualdades regionais. Enquanto o Sudeste abriga 44% das empresas formais, o Nordeste lidera em informalidade (50% da economia, segundo o IBGE).

    Tabela 3: Top 5 Estados em Número de Empresas

    Estado Empresas Ativas Regime Predominante Destaque Econômico
    São Paulo 7,3 milhões Simples Nacional (76%) 45% do PIB industrial nacional
    Minas Gerais 2,1 milhões Simples Nacional (82%) Polo de tecnologia em BH (+7% em 2024)
    Rio de Janeiro 1,9 milhão Simples Nacional (70%) Turismo responde por 25% dos MEIs
    Rio Grande do Sul 1,4 milhão Lucro Presumido (15%) Energia eólica (+12% em investimentos)
    Bahia 1,1 milhão Simples Nacional (85%) 60% das empresas são informais

    Caso Bahia:
    Apesar do alto número de empresas no Simples, o estado tem a segunda maior taxa de informalidade do país (50%). “Falta acesso a crédito e orientação contábil”, explica Ana Lúcia Santos, presidente da Federação das Empresas Baianas.

    4. Tendências para 2025: Digitalização e Reforma Tributária
    4.1 Revolução dos MEIs Digitais
    Plataformas como iFood, Uber e GetNinjas impulsionaram o registro de 1,2 milhão de novos MEIs em 2024.

    4.2 Impactos da Reforma Tributária
    A fusão de PIS/Cofins na CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), aprovada em 2023, promete simplificar tributos federais. Para Renata Vaz, especialista em direito tributário:
    “A reforma reduzirá custos para empresas de médio porte, mas microempresas podem sentir aumento na carga fiscal dependendo do setor.”

    5. Os Desafios da Complexidade Fiscal
    O Brasil ocupa a 154ª posição no ranking de facilidade para pagar impostos do Banco Mundial. Entre os entraves estão:

    Cumprimento de obrigações acessórias: Empresas do Lucro Real gastam 600 horas/ano com declarações.
    Alta informalidade: 48% da economia opera à margem da lei, segundo o IBGE.

    Tabela 4: Custo da Informalidade

    Indicator Dados
    Perda anual de arrecadação R$ 300 bilhões
    Negócios informais 10,3 milhões
    Setores mais afetados Construção (62%), Comércio (58%)

    6. Recomendações para Empresas
    Micro e pequenas empresas:
    Utilize o Simulador do Simples Nacional para projetar faturamento.
    Regularize-se como MEI para acessar crédito subsidiado.

    Médias empresas:
    Migre para o Lucro Presumido se ultrapassar R$ 4,8 milhões/ano.
    Aproveite incentivos fiscais estaduais (ex.: redução de ICMS no Paraná).

    Grandes empresas:
    Invista em inteligência artificial para gestão tributária.
    Monitore mudanças na CBS para ajustar precificação.

    Conclusão

    Os números mostram um Brasil empreendedor, mas ainda refém da burocracia. Enquanto o Simples Nacional democratiza o acesso ao formalismo, a alta carga tributária e a complexidade fiscal limitam a competitividade. Para Paulo Guedes, ex-ministro da Economia:
    “Sem simplificação real, continuaremos a ver empresas crescendo na informalidade ou fechando as portas.”

    Fonte: Jornal Contábil


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